«O que é mais fácil do que tirar um doce a uma criança? Talvez tirar-lhe o Magalhães. Um destes dias, o eng. Sócrates convocou a imprensa a uma escola de Ponte de Lima, onde desatou a distribuir o lendário computador pelos petizes e a comover-se. Terminada a sessão, o eng. Sócrates foi à sua vida e as geringonças foram retiradas aos alunos, seus proprietários fugazes e apenas para efeitos de oportunidade fotográfica. Depois, por parte da DREN e zelotes afins, houve várias justificações para a maldadezinha: pedagogia, burocracia, mentira, etc. Era escusado o trabalho. Mesmo que se tivesse atirado as criancinhas a um fosso, julgo que a indignação popular seria escassa. De um curioso modo, o Governo alcançou o direito à impunidade. (...)
Certo é que o desfile de figuras tristes em que o Executivo se tem notabilizado não o belisca nas sondagens. (...)
O Governo mostra-se descaradamente anedótico. O extraordinário é que o país não liga. Caso o Conselho de Ministros se reunisse em pelota no Rossio, o país continuaria a não ligar. (...)
Porquê? Provavelmente, porque dedicamos todas a energia disponível à inspecção minuciosa de cada sílaba pronunciada pela dr.ª Ferreira Leite. O país não se importa com quem governa, mas é implacável com quem concorre a governá-lo (...).»
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Alberto Gonçalves, in Juízo Final, coluna de opinião da revista Sábado.
11 comentários:
tive este post em rascunho
Não me digas que foi o lápis-rosa da censura a evitar que esse post visse a luz do dia!?
Foi a falta de noticia para fazer copy paste :)
Mas podemos por a coisa de outra forma:
O que é melhor do que dar um doce a uma criança? É tirar-lhe o Magalhães...
Fica aqui o "contraditório" a este Gonçalves, pecado in DN, 9 de Dezembro de 2008.
Acho que quem escreve, ainda para mais sendo no DN, evita classificações imediatistas, tipo, "ah, mais um comuna" ou "esse tipo é um pau-mandado".
Recordo que o próprio autor já assumiu ser adepto da "social-democracia".
"ISTO É UM PARTIDO OU UM FILME DE TERROR?
João Miguel Tavares
Jornalista - jmtavares@dn.pt
Se o PSD fosse um filme de terror seria daqueles tão implausíveis que passaríamos o tempo todo a ridicularizar o realizador: "Mas como é possível que ele queira que nós acreditemos nisto?"
Por mim, mais depressa me convencia de que metade da humanidade era composta por marcianos disfarçados do que julgava crível que o maior partido de oposição fosse capaz de acumular tantas asneiras em tão curto espaço de tempo, ao ponto de desbaratar a única verdadeira oportunidade que tinha frente a José Sócrates - a interminável guerra com os professores.
É tal a balbúrdia e o amadorismo que uma pessoa nem sabe sobre que matéria é mais premente verter as lágrimas. Ora vejamos.
Hei-de deprimir-me com um partido cujos deputados passam o tempo todo a fazer figura de corpo presente nas votações e logo na única vez em que podiam ser relevantes não aparecem no hemiciclo?
Hei-de deprimir-me com o facto de a organização do PSD estar ao nível de um grupo recreativo de junta de freguesia?
Hei-de deprimir-me com o desprestígio dos nossos tristes tribunos, cuja dedicação à causa pública é tanta que numa altura de crise entendem que se os portugueses têm direito a um fim-de-semana prolongado então eles têm direito a um fim-de-semana prolongadíssimo?
Hei-de deprimir-me com Manuela Ferreira Leite, por a coisa estar a chegar a um ponto em que até Jesus Cristo se deve ter divertido mais na via sacra?
Ou hei-de antes deprimir-me com aqueles que acham que este é um caso revelador da sua falta de autoridade no partido, como se a função de um líder do PSD fosse de mestre-escola, sublinhando às 75 criancinhas que amestra no Parlamento a importância de fazerem o trabalho de casa?
Uma pessoa sente-se como um daqueles acidentados que têm tantos ossos partidos que já nem sabem onde lhes dói. O que eu sei, de ciência certa, é que não pode ser nada bom estarmos enfiados numa das maiores crises mundiais, termos uma das mais importantes classes do País com vontade de esganar o primeiro-ministro, vermos os sindicatos a ganharem uma força que já não tinham há 20 anos, e cada sondagem que vem para a rua continuar a colocar o Partido Socialista à beira da maioria absoluta.
Quando José Sócrates se torna numa inevitabilidade nacional, o único timoneiro capaz de manobrar o barco, ó meus amigos: mais vale apagar a luz e fechar a porta. E escusam de me perguntar por soluções, OK?
Eu também já tenho um torcicolo de tanto girar a cabeça sem vislumbrar alternativa.
Bem vistas as coisas, talvez o melhor seja mesmo chorar por causa disto.
Alguém me alcance os lenços de papel, se faz favor."
Gosto de te ver assumir, ainda que semi-acidentalmente, essa inclinação fascista que (em certos meios) tanto gostas de camuflar...
As carecas vão-se descobrindo (não, não estava a falar no sentido literal...), tu e o teu amigo pilinhas estão bem um para o outro.
Edson, apesar de não conhecer esse João Miguel Tavares não deixo de concordar com partes do seu texto, nomeadamente que «não pode ser nada bom estarmos enfiados numa das maiores crises mundiais, termos uma das mais importantes classes do País com vontade de esganar o primeiro-ministro, vermos os sindicatos a ganharem uma força que já não tinham há 20 anos, e cada sondagem que vem para a rua continuar a colocar o Partido Socialista à beira da maioria absoluta.
Quando José Sócrates se torna numa inevitabilidade nacional, o único timoneiro capaz de manobrar o barco, ó meus amigos: mais vale apagar a luz e fechar a porta.»
p.s. - ainda estou para perceber as razões da tua desmedida reverência relativamente ao Engº (?) Sócrates...
Rhodes, não aceito lições democráticas de quem se mascara de revolucionário extrema-esquerdista sanguinário.
"não aceito lições democráticas de quem se mascara de revolucionário extrema-esquerdista sanguinário"
Andas com problemas morais, gramaticais ou ambos os dois?
Nunca dei, nem faço planos para tal, lições de qualquer espécie a quem quer que seja - tenho mais que fazer. Apenas me limitei a constatar factos, quer-me parecer que a carapuça serviu...
Carapuça tens tu... e bem enfiadinha na cabaça, ó! Chapéus há muitos...
curiosamente, e depois de se ter falado numa provável exportação do Magalhães, os mesmos ainda não chegaram à Madeira
Espera lá, espera lá, calma e pára o baile. Reverência?
Aqui, neste (teu) espaço, tenho-me limitado a servir de "contraditório", porque tu, manifestamente, não estás interessado nisso.
Já te disse e volto a repetir: como bem atira o Rhodes, tens-te "assumido" de forma muito clara, olhando sempre e apenas para uma das faces de uma realidade que está longe de ser admirável.
Volto a perguntar: Reverência?
Ainda noutra caixa de comentários deixei lá para quem quiser ver, que o maior escândalo dos últimos anos, em Portugal, foi a "salvação" do BPN, um antro de negociatas políticas e de interesses pessoais que tresandava há séculos e que agora tu vais pagar...
E quem o "salvou", foi o governo do PCP? Fui eu? Ou terá sido o Pinto de Sousa e sus muchachos?
Sim, confesso que estou mais interessado num "contraditório" entendido como crítica a quem governa ou como contrapoder - e não tanto em fazer propaganda ou oposição à oposição...
Chamemos-lhe ou não reverência.
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